Tuesday, March 20, 2007

À MEMÓRIA DE EUGENIO DE ANDRADE




O teu rosto inclinado pelo vento
a feroz brancura dos teus dentes;
as mãos, de certo modo, irresponsáveis,
e contudo sombrias, e contudo transparentes;


O triunfo cruel das tuas pernas,
colunas em repouso se anoitece;
o peito raso, claro, feito de água;
a boca sossegada onde apetece

navegar ou cantar, ou simplesmente ser
a cor dum fruto, o peso duma flor;
as palavras mordendo a solidão,
atravessadas de alegria e de terror,são a grande razão,a única razão.

são a grande razão, a única razão.

1 Comments:

At 4:07 PM, Blogger fotógrafa said...

Bela lembrança...eterno poeta Eugénio de Andrade!
Abraço

 

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