******************POESIA APLICADA******************
Wednesday, December 28, 2005
Monday, December 19, 2005
Friday, December 16, 2005
Saudade
Não é a nostalgia de algoJá passado que nos dominou
não é um coração apunhalado
de um amor que terminou
Saudade..............
Não é o beijo mais suave
dado com amor ao mais querido
não é o abraço mais profundo
que se pensa o melhor do mundo
dado a um grande amigo
Saudade..............
Não é a melancólica recordação
de uma infancia vivida
qual momento de meditação
que entre poetas ficou esquecida
Saudade
és sim tu, minha mãe
minha amiga!!!!!!!!!!!
Maria José Porto, 2000 Zézé
Passado.................
Lembro-me de muitas ilusõesno infinito mar da minha vida
amores felizes e infelizes
sonhos próprios daquela idade
morreram para sempre, mas vejo ainda
o enterro da minha mocidade.
Em transe numa dor pungente
minha alma sempre sonhadora
fui envelhecendo pelo desalento
da mulher que fui, hoje somente,
sou sombra daquela senhora
que em pensamento trazia
que a sonhar se apoderava
daquela adorada fantasia
Óh como os dias passaram depressa
e as minhas ilusões que já lá vão...
Deixa destino que eu viva e não esqueça
tudo que quero contar e me vai no coração.
Mãe não sou
nem fui filha
destino amargo o meu,
sinto-me só nesta ilha
triste desolada perdida
desfeita, revoltada, vencida.
Na minha solidão me abandono
como uma Deusa de mil braços
como um tempo cujo ritmo flui
surgindo do fundo do meu ser
as incont´veis sombras do que fui.
Porto, Fevereiro 1999
Zézé
NOTICIA PERDIDA
O amor encheu um sacoUm saco foi perdido
A notícia foi anunciada
Mas ninguem lhe ligou omportância
Nunca foi encontrada!
Pelo que ficou na ignorância.
Dedicado à memória do meu grande
amigo Eloy
Matosinhos 1978
Zézé
Monday, December 12, 2005
Wednesday, December 07, 2005
DIA A DIA
Uma insóniaUm dormitar
Um despertador que toca
Um lava cara e muitos sonhos afogados
Uma epopéia de carro
Uma raiva que não se expressa
Um emprego ordinário, seara de subsistência
Um cansaço insipido
Uma estupidez de vida
Matosinhos 1978
Maria José
HOJE
À memória da minha colega e amiga FERNANDA (que Deus a tenha em eterno descanso)Tarde cinzenta... cai chuva
miuda e aborrecida
De nariz colado ao vidro da janela
eu penso...
talvez na vida
Essa mantanha de ilusão.
na minha frente uma árvore erguida
Pergunto, porque Deus
não deu aos homens a sua rectidão?
Penso nos amigos, inimigos
Ou até em alguem ausente
tarde cinzenta...cai chuva
miuda e impertinente.
Zézé
Lourenço Marques/Abril de 1972
O VENTO
O vento a soprarnaquele caminho
parece falar
com quem vai tão sozinho
Não sopres assim
Que eu tenho medo
conta só para mim
o teu segredo
Tu vento infinito
se não me tens amor
em teu nome está escrito
a minha tão grande dor?
Caminho ao vento
sem amor, sem guarida
tu és um lamento
da vida perdida
Do Norte/Zézé - 1972
Lourenço Marques-Moçambique
Tuesday, December 06, 2005
UM BARCO
Olho em redor de mimque vejo? - m barco.
sozinha no meio da imensidão
Qual será o destino desse barco?
ninguem o olha, ninguem repara
para êle tudo é indiferente
há pássaros pousados nos mastros
há bandeiras no cimo dos mastros
há gente a bordo. Há baile
E quantos corações enjoados
e quantos enamorados
outros tristes e sós....
Lá vai o barquinho
seu destino é só um
talvez de alegria para alguem
e ele lá vai, lá vai
de quando em quando balança
ou pelo vento, ou pela água mais agitada
e lá segue na ignorância
de que ninguem lhe liga importância
Foi verdade, eu vi este barco, sentada no paredão do rio tejo, e cheguei a casa em Almada e escrevi
UM BARCO.
Almada/1959
AQUELA MULHER..........
Ela passa, todos a olhambamboliando suas formas já sem graça
já foi bonita aquela mulher
já foi bela tambem.
Todos a admiravam
Hoje porém, está velha, cansada da vida
dessa vida que lhe foi tão cara
dessa beleza que é tão rara
na velhice que se vê agora.
Lisboa,1959
Lembrando o ANTÓNIO M.
Venho aqui, e venho para te dizerque te conheço
que te vi
que te falei
falaste-me de amor
eu falei tambem
a nossa conversa, porém
só entre nós ficou
Porque não havemos de dizer ao mundo
quem somos?
o que somos?
que nos amamos?
e depois?
Ó!depois............
Iremos de mãos dadas
juntos e cheios de pura alegria
Que importa os outros?
não ves que não interessa?
Para nós apenas existem
nossoa almas
tambem passaros
e flores e crianças
e Sol
e um grande, grande amor Lisboa 1958 Zézé
DENTRO
Andam nuvens dentro de mimó minha alma sedenta de carinho
tenho sede de amor, ó Deus, sincero
o meu coração chora a sua mágoa
os pensamentos parecem aves sem ninho
qual pássaro verde pousado num vento azul
FLORES
Flores belas e mimosas
de todas as cores, as rosas
os cravos dálias e jasmins
Todo florido está meu íntimo
H´flores dentro de mim!!!
meu Deus que graça me deste
haver flores dentro de mim.
Lisboa 1958
APETITE
Tenho apetite nos olhosde olhar sem ver
de os fechar sem dormir
de pô-los a chorar sem lágrimas
mas...........
Olhar o vago não se vê
olhar sem ler não se crê
chorar sem lágrimas não se chora
olhar sem tempo tem demora
olhar por olhar é de tola
olhar chorando só com cebola
olhar p'ra ti é que me consola
Évora, 1959
Zézé
Monday, December 05, 2005
Saturday, December 03, 2005
EU.......
Gostaria de saber quem soue então vou perguntar
serei aquilo que ficou
onde nada quis ficar?
Serei noite sem luar?
Ou ocaso de verão?
serei a peça singela
ainda por retocar?
Não terei eu coração?
Sinto que não existo
ou então expliquem isto
que eu não sei explicar
se tenho ternura para dar
ansiedades para sentir
os sonhos para renovar
e o desejo de sorrir
se quero ver o teu olhar
e às flores do campo dar côr
quero viver, cantar, cantar
e já começo a pensar
então eu... Serei Amor?
Lagos 1955
Adolescente
Lá vem a nau adolescenteque tem muito que contar
ouvi, ora amigas minhas
uma história de pasmar
Passava mais de dez anos
que acabara de brincar
já não queria as bonecas
cansei-me de as embalar
Dava voltas à cabeça
quem haveria de consultar?
Logo fui cair por sorte
num lindo castelo no ar
Acode-me sonho doirado
tira-me já deste escuro
se conheces o passado
prediz agora o futuro
Vejo-me sonhadora e bela
com um lindo penteado
quando feliz à janela
esperava o namorado
Continua belo sonho
continua a me dizer
como vai ser o meu futuro
inteirinho até morrer
Acordar é grande castigo
e matará esta ilusão
anda sonho, fica comigo
eternamente no coração.
FORAM ESCRITOS EM 1949 no Algarve (Portelas)
é preciso portanto recorrer à epoca .
Thursday, December 01, 2005
Porta de Abertura
Devo estes escritos à necessidadeque tenho de escrever.
Em mim este gesto vem preguiçoso,
mas quando vem, é à velocidade do pensamento.
Quem me pode censurar?
dizem que para se ser digno
teremos que fazer tres coisas.
Eu apenas fiz uma.
Plantei uma árvore.
Sobrou-me portanto, muito tempo...............
Balecas
Meus Dias
Em cada dia prendo no meu sera dádiva que o sol me oferece
e enceto a aventura quotidiana
com o vento os pássaros e a poesia.
Às vezes é o mar que me apetece
ver a serena paz no vôo duma gaivota
que se quebra de encontro ao meu olhar,
outras vezes as curvas dos caminhos
dão-me a medida certa do meu andar.